sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Prefácio de Maurice Béjart

                                                                                                                                                        

Prefácio de Maurice Béjart

     "Ao anoitecer, terminando o dia, a aldeia se reúne na praça, (...). As pessoas passam, se olham, cumprimentam-se, sorriem, somem, voltam, vão sentar-se. Um pequeno muro de pedra, um banco, uma cadeira, na frente de um dos cafés o parapeito da fonte. A noite cai (é rápido o pôr-do-sol noleste).Silêncio. Os homens começam a conversar. Então, quase sempre após um certo lapso de tempo, o tom se eleva: discussões, brigas -  - ninguém está de acordo – incompreensão. Certas noites, a desordem é generalizada, violenta e sem razão. Quando, no dia seguinte, se pergunta o que houve, respondem: “Trocamos palavras, nos desentendemos!”
     São da mesma raça, do mesmo meio social, da mesma idade... e as palavras têm, para cada um, uma significação diferente. As mesmas palavras, Mito de Babel!
     Em outras noites o silêncio se prolonga. Depois um se levanta e dança, depois um outro, um terceiro. Os outros olham, mas seus olhos afirmam sua união profunda, sua participação total. A dança continua até tarde da noite, os dançarinos se revezam de tempos em tempos e, quando todos finalmente voltam para casa, a unidade permanece, a alegria é genuína e o repouso, completo. A palavra divide. A dança é união. União do homem com seu próximo. União indivíduo com a realidade cósmica.
     A dança é um rito: um ritual sagrado, ritual social. Encontramos na dança essa dupla significação que está na origem de toda atividade humana" .
( GARAUDY, R.  - Dançar a Vida, 1980)

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